quarta-feira, 20 de março de 2013



Distancia

A maior distancia será sempre o silencio, por não saber mais o que dizer.
Quando falta o ar envolto a um abraço caloroso do aconchego
Distante dos sentidos fazer da alma um lar de felicidade
Amar com os olhos e o corpo ardente

O desabafo vindo de um sussurro preso na glote
As palavras se formando aliviando a dor que paralisa
Alma que se prende as experiências que fizeram as marcas
O que se deixa levar pela falta do ar que se respira

Compartilhar o viver demonstrando o sorriso
Sem as marcas a ferro e fogo que queima e machuca
A culpa em não fazer-se amar em plenitude do conjunto
Magoas que vibram enterrando a construção

O dolo mais cruel que se insinua em pagar na mesma moeda
O grito da insensatez que martiriza
Imensa tristeza que aterroriza
Um final sem sentido que nunca foi dito deixando a chaga


Hélio Ramos de Oliveira

terça-feira, 19 de março de 2013



Sobras

Meu silêncio é a fonte da inquietude
Recolho-me ao sentir sem nada sentir
Olho mais nada vê além do nada
Sem dor ou recompensa

Sem nada a dizer minhas palavras se aprisionam
Em uma carapaça de pele a mente se fez
Relapsa confusão dos sentimentos insensatez
Neurofisiologia do embate duvidoso que impressionam

Um rato que esconde seus resíduos de alma
Impotência relevante que acende a distancia
Ergue a frigidez das relações
Espasmos...

As sombras aparecem encobrindo o olhar
Mudo o corpo trava sem expressão
Choro com lágrimas secas do passado
Recluso estagnado sucumbe o ar

Sem as palavras
Sem as letras
Sem a alma
Sem as sobras


Hélio Ramos de Oliveira

segunda-feira, 18 de março de 2013




Um corpo serpenteia em nuances de sedução, magia com um misto de possessão. Render-se aos prazeres, uma mulher que deseja ser saboreada, completamente desnorteada como uma felina no cio vive o amor que apossa, preenchendo cada espaço ela serpenteando em êxtase. 
Uma dança que faz da ilusão completando a fantasia, desejada e amada. Realizada pela ânsia incessante do amor de seu homem, que escandalosamente ama sem precedentes.



Hélio Ramos de Oliveira


Roar

Palavras que soam como um roar de um Leão
Demarcando minha existência
A busca de minha consciência os apelos do mundo
Predador das etéreas verdades

O sonho e realidade
A rima e a pura verdade
Contida pelo sorriso de criança
Lança que corta e fere

Alcançando a alma
Caminhando para o céu
Véu que recobre como a juba
Entoar o grito estridente do inconsciente

Liberdade incauta dos sentidos
Expressão máxima dos dias que vivo
Nascer a cada hora e ir embora
Jogar a fora os medos e incertezas

Ser a coragem sem querer a tristeza
Em minha savana sentir o brisar...
Alimentar-me de sonhos e deles sonhar
Ser éter e eternamente para o sempre estar


Hélio Ramos de Oliveira


Ápice

Estar nas alturas e ver de perto a lonjura do céu
Acariciar as nuvens que tão macias um rio de lágrimas
Tão alto o encontro de meus pensares
Alma minha que se estende ao infinito do eu

Cálice sagrado deste sacrifício de buscar o ar
Saga que me eleva em sonhar com o Olimpo nas montanhas
Meu paradeiro sem descanso segue a subir os Alpes
Mundo sem prumo e sem a origem que faz do ar rarear

O grito que ecoa destruindo o silêncio
Vento que silva soprando a alma que dança
Tantas insinuações do oposto
Estar onde nada importa

Recolher com as mãos os sentidos
Juntar as partes sem partes compostas
Inóspito caminho que o espirito paira
Reconciliar os tantos eu composto em um ser

Atingir o ápice desta imensa montanha
Ser e crer que a possibilidade existe
Ser a fé sem nunca ser triste
Estar em seu lugar em sua graça no ápice encontrar


Hélio Ramos de Oliveira


Moldar a beleza

Uma coletânea de impressões
Desvendar uma personalidade sutil
Beleza moldada em uma linda mulher num céu de anil
Faz do encanto desta poesia a real ilusão

A simplicidade que se rende aos encantos
O reinado sublime dos contos de amor
Poesia e alma que se esquece da dor
Cantarolar o poema escrito em suas vestes

Um logo vestido que baila a sonhar
Em um sopro de vida pairar...
Como és bela em plena magia
Dentre todas as mulheres será sempre a mais linda

Em meu único amor
Busquei o mais belo raiar
Dos meus contos insanos
Encontro em ti um repouso no olhar


Hélio Ramos de Oliveira


Poetas são Poetas apenas Poetas e suas poesias

Escalpelar o poeta é tirar-lhe a liberdade de sonhar. Cercear a pureza de sua expressão d’alma artística e liberta do poeta insensato e irreverente. A arte com a pena que desliza em um papel inerte dando a vida aos sonhos incomuns do universo uma conspiração das forças que movimentam fronteiras de beleza que saem de suas mãos avidas pelo pleno poder e desejo de se fazer existir para contar ao que veio sem saber de onde veio tamanha inspiração.
Poetas conspiram com um universo em paralelo com os astros, são magníficos e ingênuos, tolos a ponto de brincar com o amor que os toma em alma e corpo, são eles, sua própria inspiração, divertindo-se com o gozo desta expressão fantasiosa, que se encontra em poesia. Armação em rimas de um ambiente favorável dos sentidos, a mente que ferve em um colapso indiscutivelmente fabuloso dos neurônios, que em suas sinapses faz acontecer o prazer real do imaginário. Poesia é o tempero do encantamento, que da as asas para um absoluto voar...
Dentre todas as expressões que existe, o amor é o mais lindo e saboroso caminhar, sem sentido, indo... Sem saber para onde ir, ou para onde irá levar...
Um poeta não morre quando deixa sua forma terrena, ele sucumbe quando um beijo o sufoca o viver e sua alma se aprisiona em meio ao egoísmo, de prender pra si o que nasceu para o mundo, às belas inspirações de um ser magico e verdadeiro sem medo ou desventura, faz de sua armadura, sua simples forma de pensar. Morre o poeta de pura amargura, em olhar pro papel e nada pensar, repousar sua alma livre, enclausurada em respostas, que ele nunca saberia dar.
Amor de poeta é pelas coisas do mundo, ao olhar com os olhos e ter a visão da alma, que faz de sua mente um florir sem explicação. O poeta sente sentado na cadeira, com a pena em punho entrelaçada em seus dedos e imaginação, tornando um papel o lastro da poesia, fluindo a magia que surge sem amarras, querendo voar... A riqueza esta em tudo e por tudo sempre amar.


Hélio Ramos de Oliveira